Erlichiose canina

 Erliquiose canina é uma das principais enfermidades infecciosas atendidas na clínica médica de pequenos animais, sendo responsável por uma alta morbidade e mortalidade entre caninos domésticos.

A enfermidade é potencialmente fatal em cães de todas as idades, raças e sexos, possuindo sintomatologia clínica inespecífica, o que torna o diagnóstico bastante complexo e difícil para o clínico veterinário.

Também conhecida como "doença do carrapato", a erlichiose é causada por uma riquetzia chamada Erlichia canis. O vetor da doença é o carrapato Ripicephalus sanguineus, chamado também de carrapato vermelho ou carrapato marrom do cão.



O carrapato infecta ao picar um animal contaminado com a doença e transmite a riquetzia para outro cão ao picá-lo. Há um período de incubação que varia de 8 a 20 dias e depois os sintomas começam a se manifestar.

Fase aguda : os sintomas são brandos: pirexia (febre) inespecífica, anorexia (falta de apetite), corrimento oculonasal e dispnéia (respiração ofegante).

 O agente se multiplica nos órgãos do sistema mononuclear fagocitário (fígado, baço e linfonodos), resultando em :
* hiperplasia (aumento de volume) dessa linhagem celular
* organomegalia- linfadenopatia [crescimento de um ou mais linfonodos (também chamados de gânglios linfáticos)
                             - esplenomegalia [aumento do baço]
                             - hepatomegalia [aumento do fígado]

 Nessa fase também é comum uma trombocitopenia (redução do número de plaquetas no sangue), com ou sem anemia (diminuição dos níveis de hemoglobina na circulação) e leucopenia (redução no número de leucócitos no sangue que são os responsáveis pelas defesas do organismo)



Os cães podem se recuperar em 1 ou 2 semanas sem tratamento e alguns podem ser acometidos pela moléstia crônica 1 a 6 meses depois.

Infecções inaparentes (sem sintomas clínicos visíveis) são comuns.

Fase Sub Clínica : os títulos de anticorpos aumentam e cães imunocompetentes eliminam Erlichia canis. Geralmente ocorre 6 a 9 semanas após a infecção inicial, perdurando por 1 a 4 meses.

Sem sintomas clínicos. Podem apresentar respostas leucocitárias variáveis, trombocitopenia (redução do número de plaquetas no sangue) e anemia arregenerativa (esta ocorre principalmente se estiver associada a Babesiose)

Fase Crônica: ocorre em cães que não conseguem construir efetiva resposta imune.

Sintomas: perda de peso crônica, hipo/anorexia, mucosas pálidas, fraqueza, depressão.

Apresenta hiperplasia da medula óssea que promove pancitopenia [diminuição global de elementos celulares do sangue (glóbulos brancos, vermelhos e plaquetas)] e aumento da destruição das plaquetas. Com isso, há tendências hemorrágicas nas mucosas, retina, pele do abdome. Epistaxe (hemorragia nasal) também é bastante comum.


A esquerda observamos as mucosas pálidas de um cão com Erlichia associada a Babesiose.
 Abaixo um cão já no estágio final da doença em sua fase crônica. Magro, com sangramento nasal e apático.



OBS: no Pastor Alemão há grave pancitopenia (diminuição global de elementos celulares do sangue - globulos brancos, vermelhos e plaquetas) e hemorragia secundária à trombocitopenia.

O diagnóstico se faz atraves do histórico, observação dos sintomas clínicos, exames laboratoriais (sangue) e testes sorológicos. Atenção: o resultado negativo no exame de sangue não tira a hipótese de o animal estar infectado em seu período de incubação, por isso, para precisão, há necessidade de experiência do médico veterinário com casos diversos.



O tratamento se faz com antibióticos específicos, fluidoterapia, transfusões sanguíneas e corticóides.



A infecção por Ehrlichia não confere imunidade protetora. Se após o tratamento o animal for exposto novamente a carrapatos infectados, desenvolverá a doença.

O melhor combate à doença é a prevenção que se  baseia no controle mensal dos carrapatos e visita de rotina ao médico veterinário..

Há grande importância em realizar testes em todos os cães que já tiveram contato com carrapatos, pois carreadores assintomáticos podem ser fontes de infecção contínua. Vale relatar que cães doadores de sangue devem ser negativos para Ehrlichia canis em dois testes sorológicos consecutivos feitos com intervalos de quatro semanas.








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